segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Alguns comentários sobre a obra ‘Cidadania no Brasil: O longo caminho’ de José Murilo de Carvalho

Capa do Livro Cidadania no
 Brasil: O longo caminho’
de José Murilo de Carvalho
Para compreensão da temática é necessária leitura do livro ‘Cidadania no Brasil: O longo caminho’[1], conforme sugestão abaixo:         

Indicação dos Livros disponíveis na Estante Virtual (Site que concentra Sebos do Brasil inteiro, assim ajuda algum Sebo e ainda é Sustentável): Link...

Caso busque uma compreensão rápida do artigo, segue um pequeno trecho* para leitura: Link...

*Dentro da legalidade, pois, se trata de um pequeno trecho (seis páginas).


O autor realiza uma abordagem que evidentemente almeja trazer ambas esferas da política nacional sem grandes distinções, apenas sistemas que sobrevivem e se aperfeiçoam em prol de um ‘estadismo’ com forte base paternalista. A análise sobre o vínculo entre o estado (representado pelo poder executivo) e público geral, primeiro de onde tudo proverá ou provem e o último só no poder executivo espera algum retorno.


Aqui ambas as esferas políticas nacionais podem não aceitar, mas a política nacional é realizada apenas para lob’s, cada qual busca seus benefícios e quando conseguem aceitam o resto, uma espécie de ‘cala boca’. Não é um problema existirem os setores que vão buscar direitos específicos para suas classes, o problema é quando apenas esses perseveram e o grosso da população fica na peleja. Resumindo precariamente a obra busca demonstrar que o caminho da nossa sociedade com alvo da cidadania oscila conforme as necessidades das elites que conseguem cooptar com maior amplitude o cenário político (seja ele democrático ou não).


Atualmente estamos em uma encruzilhada onde uma parcela da população tem forte temor dos traços autoritários, preconceituosos e violentos de uma parte da população e a outra parcela busca resolução imediata aos problemas de violência civil, corrupção e manutenção de costumes tradicionais. Na encruzilhada é possível ver lados incomunicáveis, ou seja, sem possibilidade visível de diálogo construtivo.


As forças políticas se aproveitam de tal cenário e amplificam as diferenças, posicionando quem ousa realizar críticas de um lado ou de outro o adjetivando rapidamente de forma pejorativa. Realizar uma crítica a meritocracia pode colocar no lado esquerdo da fronteira, caso realize uma crítica sobre a prestação de serviço de alguma repartição pública estará imediatamente no lado direito da fronteira. O autor não se posiciona claramente em nenhum dos lados, mas com certeza é taxado por ambos.


Por exemplo, explica o porquê a sociedade brasileira a grosso modo elege representantes do Congresso que tem vínculos, esperam algum retorno ou de forma descontraída (sem nenhum comprometimento político), realiza a análise do nascimento dos direitos e demonstra que ao ser conquistado direitos sociais antes dos direitos políticos, nos fadamos a sempre apenas focar na eleição presidencial e com isso elegemos em regra candidatos com traços messiânicos, ainda está fácil na memória nacional a eleição de 2022 que existia presidenciável chamado pelos seus seguidores de ‘mito’ e outro de ‘salvador dos pobres’. Sem crítica não existe evolução e com isso não realizaremos de uma sociedade onde prospere a paz, igualdade e justiça.


Em alguns pontos o autor realiza passagens rápidas por temas complexos, como Ditadura Militar no Brasil, colocando com alguma naturalidade no Governo de alguns ditadores, mas enfatizou as barbaridades de tal período. Como podemos identificar na leitura do trecho acima também insere certos países como marco referencial, mas a história e sua interpretação é permanentemente mutável, cabendo ao leitor ter um entendimento crítico sobre referências e consequências, pois, como observamos na Alemanha no período do Nazismo e a Itália no período do Fascismo apesar de serem países europeus, tiveram resultados perigosos e letais em suas experiências.


Com isto cabe a licença de entendimento sobre o momento que a obra foi escrita e o momento atual da nossa sociedade, evitando fazer anacronismos, pois, ao mencionar que o tanto os partidos políticos de direita como os de esquerda não flertavam com a Ditadura e tampouco a sociedade tinha tais recaídas, foi a história a posteriori que se desdobrou e o tema do autoritarismo novamente foi ressuscitado, vale destacar, que tal ciclo de recrudescimento de partidos de extrema direita é ocorrência a nível mundial.


Desta forma é uma obra de importante leitura seja qual for a orientação política, enquanto formação humanística que é tão carente nossa nação. Infelizmente não cansamos de ter contato com pessoas com formação, mas de carência fundante e basilar em humanas, ainda que sejam formados em áreas de ciências humanas, um fenômeno da nossa sociedade.


A idéia central aqui é incentivar a leitura da obra citada e fomentar a crítica. Inicialmente começar pela leitura e se cobrar para conseguir realizar críticas (podem ser favoráveis ou não), com o objetivo de ampliar aprendizado que poderemos alcançar e conjunto.



[1] CARVALHO, José Murilo de - Cidadania no Brasil: O longo caminho. 23º Ed. - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.


Por Jeferson Nascimento 
Colunista e Editor do Mídias Populares